E, sem dúvida, grande é o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne, justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória.
O mistério da piedade é o quê? Deus se manifestou em carne:
Eu apareço como corpo; Eu funciono através do corpo; Eu Sou visto no mundo como corpo, mas Eu não sou visto. Eu Sou visto no mundo como corpo. Eu sou visto no mundo como carne.
Toda a mensagem e missão do Mestre era nos ensinar que somos filhos de Deus. “Eu e meu Pai somos um. . . quem me vê, vê aquele que me enviou.” Ele teve o cuidado de nos incluir neste relacionamento com Deus, porque sempre dizia: “Meu Pai e seu Pai.” O Mestre sabia que seu ensinamento não teria valor se o separasse do resto do mundo. De que valeria seu ensino e exemplo se ele fosse algo que Deus enviou à Terra com o propósito de ensinar algo que nós não somos?
capaz de viver? “Eu saí do Pai e vim ao mundo. . . .” Somos imaculadamente concebidos; nosso nascimento, assim como nossa missão, é o dos filhos de Deus. Não somos carne mortal como parecemos ser. O mistério da piedade é Deus encarnado como seu ser individual e meu. Deus manifestado na carne significa que Deus constitui a individualidade individual, que Deus é a vida, a substância e a própria forma de nosso verdadeiro ser.

À medida que você vive conscientemente com a ideia de que Deus constitui o ser individual [seu ser] e que Deus é responsável por seu suprimento, sua atividade e seu sucesso, você gradualmente começa a perder o senso de individualidade pessoal. Cada vez mais você percebe que a responsabilidade repousa sobre Deus. É então que você se volta para a Fonte de todo bem, o Princípio criativo, o Pai interior, para que Deus possa revelar a Si mesmo e Seu plano.

Tudo tem sua base no Invisível que aparece de forma visível e tangível. Ao começar a compreender esse fato, você verá que a criação é o ato de um Princípio invisível, visivelmente manifesto, Deus encarnando a Si mesmo como forma manifesta, não a forma que você vê. com os olhos, mas forma espiritual.

As palavras do Mestre foram: “E a ninguém sobre a terra chameis vosso Pai, porque um só é vosso Pai, o que está nos Céus”. Deus é o princípio criativo deste universo aparecendo em forma e variedade infinitas, manifestando-se visivelmente como um ser individual. Portanto, o mistério da piedade reside em saber que Deus é a nossa individualidade: Deus é o seu Ser; Deus é o meu Ser.

O assunto da carne ou do corpo sempre foi um enigma para o mundo, e surge uma grande perplexidade neste ponto: onde a carne e o corpo se encaixam no esquema espiritual? Nas Escrituras, encontramos estas palavras sobre o assunto da carne:

• Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus.
• Nenhuma carne será justificada diante dele.
• Nenhuma carne terá paz.
• Toda a carne perecerá juntamente. . .
• Sua carne será consumida enquanto eles estiverem de pé.
• Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis. . .
• Toda a carne é erva, e toda a sua beleza é como a flor do campo: A erva murcha, a flor murcha: porque o Espírito do Senhor sopra sobre ela. . .
• A carne para nada aproveita.

Na mesma Escritura há declarações aparentemente conflitantes como:

• Ainda na minha carne verei Deus.
• derramarei o meu Espírito sobre toda a carne. . .
• E a glória do Senhor será revelada e toda a carne juntamente a verá. . .
• E toda a carne verá a salvação de Deus.
• Que toda a carne abençoe seu santo nome para todo o sempre.

E aqui está a maior passagem bíblica de todos os tempos sobre este assunto:
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.

Para entender o assunto da carne e do corpo, devemos entender o significado dessas passagens aparentemente contraditórias, que não são nada contraditórias quando discernimos seu verdadeiro significado. Espiritualmente, a palavra “carne” significa incorporação, ou corpo: Deus se manifesta como carne, como forma, como individualidade. Vejamos como a palavra “carne” pode ser aplicada a uma lei da ciência natural como a gravidade. A lei da gravidade foi descoberta quando Isaac Newton observou que toda vez que um objeto era solto ou deixado cair no espaço, ele gravitava em direção à Terra. Sua observação desse fenômeno recorrente tomou forma na consciência [tornou-se carne] e suas deduções subsequentes deram a essa lei da natureza um corpo tangível que se tornou conhecido como a lei da gravidade. A lei da gravidade sempre teve um corpo, porque sempre existiu como lei operativa, mas agora Newton lhe deu outro corpo, um corpo de conhecimento. Agora tornou-se incorporado dentro da consciência.

Da mesma forma, as leis da aerodinâmica e da eletricidade sempre existiram e, porque sempre existiram, têm forma ou carne. Elas existiam como a palavra, a lei invisível e desconhecida, intangível, não testemunhada – até que um dia essas leis tomaram forma na mente humana. Muito antes de o primeiro avião voar ou a primeira lâmpada elétrica emitir luz, essas leis eram carne, isto é, haviam tomado forma como o princípio da aerodinâmica ou o princípio da eletricidade. Bastava exteriorizar esses princípios em outra forma de carne. Assim que o cientista pesquisador obteve conhecimento da eletricidade e da luz elétrica, esses princípios ganharam forma ou corpo – um corpo de conhecimento. Então, quando o engenheiro elétrico aplicou esse conhecimento, ele se tornou a forma e o corpo que vemos como luzes elétricas e dispositivos elétricos. Mas você pode ver que primeiro tinha que ter forma e corpo na mente de um Edison. Assim é com a arte ou a música. Elas têm forma na consciência do artista ou compositor – forma definida, som e beleza – então, externamente, tem outra forma quando aparece como notas impressas de música, pinturas ou esculturas. Você vê a diferença aqui?

Estamos incorporados na mente de Deus como forma espiritual. Então, aparecemos externamente em algum conceito de forma. Esse conceito é mutável; esse conceito é destrutível porque é finito. Aqueles de vocês que podem voltar na memória aos primeiros automóveis e compará-los com os veículos motorizados modernos podem ver como a forma externa ou o conceito muda, embora o princípio da engenharia automotiva permaneça essencialmente o mesmo. O princípio é o mesmo; a única coisa diferente é sua forma externa. Isso o ajuda a ver o ponto que estamos defendendo sobre a natureza mutável da forma?

Espiritualmente, a Palavra que é Deus, o Imanifesto, torna-se manifesto como o Cristo, ou Filho de Deus, uma ideia manifestada na consciência. Portanto, Cristo, o Filho de Deus, é nosso ser invisível, e esta pessoa, que você é, é sua evidência visível. Você e eu, individualmente, somos a evidência visível e externa de nosso estado Cristo invisível. Nós existimos no seio de Deus como o Cristo. Aparecemos na Terra como o filho do homem, mas somos o mesmo Cristo exteriorizado como forma, individualidade.
Este é o relacionamento entre Deus e seu ser individual infinito e eterno.
Deus é a sua individualidade. Na mente que é Deus, você é carne, manifestado, evidenciado, testemunhado. Você é Deus encarnado; você é forma; você é a individualidade. Assim é que todos aqueles que já viveram, que agora vivem e que viverão, existem agora na carne, em forma espiritual e integridade, eternidade e imortalidade; e são aqueles de quem lemos:
“Todavia em minha carne verei a Deus” isto é, em minha consciência espiritual, em individualidade espiritual. “Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne.” Nós, em nossa identidade carnal e espiritual, podemos conhecer a Deus; podemos ser como deuses nessa identidade espiritual que somos; e nós podemos pensar que não é impróprio fazer as obras de Deus.

Joel – Cartas do Caminho Infinito – Março de 1957 – A Carne como identidade espiritual

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